15 de mai. de 2010


"Incapaz de sentir mais do que raiva e humilhação, ela continuou andando. Foi até o táxi e, com os olhos ainda incertos de se deveriam ou não lacrimejar, revelou seu destino. O céu não era possível, mas certificou-se de reservar a poltrona número 1 do ônibus, quando chegou à rodoviária. Pensou em ser a primeira a sentir o impacto caso algum acidente ocorresse. Queria ser a primeira. Queria que algum acidente ocorresse. Foi até a banca de jornais e procurou revistas específicas sobre seu trabalho, não tinha estômago para a alegria alheia estampada em páginas enormes. Comprou mais do que necessitava, pagou mais do que podia. Era sempre assim. Esperou o onibus sem nem ao menos conseguir retirar os periódicos da sacola. Seus olhos, cobertos por seu ray ban, não revelavam emoções agora. Sentou-se na poltrona e tentou perdoar-se por estar ali, por ter acreditado, por ter querido. O sono veio e ela cedeu. Acordou com o telefone tocando. Foi para casa. E mais do que nunca lembrou de tudo o que tinha a provar a tanta gente. Agradeceu por não sentir raiva ou qualquer outra coisa parecida, na verdade não sentia nada. Dormiu acreditando estar curada dessas dores de amor. Não sabia que quando as dores cessam o coração seca, e o sangue pára de circular.Nao acordou pra comprovar. "

Nenhum comentário:

Postar um comentário